sábado, 24 de outubro de 2009

FIM DE RELACIONAMENTO

Bom dia, coisa nenhuma! Bom dia é o escambau! Como é que você se atreve a me dirigir esse olhar súplice? Faz as coisas e depois vem com cara de cachorro, querendo carinho. Não vou dar carinho coisa nenhuma, pensa que já esqueci? Você faz e acontece, sai sem avisar, fica fora a noite toda, já chegou a ficar na esbórnia, dois dias e duas noites, de outra feita, uma semana inteira, e eu esperando, esperando, percorrendo as ruas a pé ou de carro, temendo te encontrar e fazer uma “cena de sangue num bar da Avenida São João”, ou melhor, Paladium. Afinal voltou sujo, desgrenhado, e eu acudi, dei comida, tratei com carinho,desvelo,oh, eu odeio este meu lado de “Amélia!” Enquanto estava sumido, perguntei a todos, inclusive ao carteiro que chamou no portão de casa, foi um frenesi, “pois quando o carteiro chegou, e o seu nome gritou, com uma carta na mão, ante surpresa tão rude, não sei como pude, chegar ao portão.” Não, não esperava que a carta fosse sua, você não tem o hábito de escrever , não liga mais para mim, acho que está “tudo acabado entre nós, hoje não há mais nada.” Não meu caro, não vou chamá-lo de nenê, como você adora, não chegue perto, não respondo por mim, estou avisando, vou fazer uma loucura!
Já agüentei demais, estou triste, lembro-me de quando o conheci, foi só um olhar e pronto, paixão fulminante, trouxe-o em casa para apresentar à família, beijinhos, abraços, cuidados, sorrisos, mas como todo homem, você já se esqueceu, tudo era mentira, onde foram parar as juras de amor eterno? O ciúme, o monstro dos olhos verdes, me corrói, “oh, como sou infeliz”. Por sua causa “briguei com todo mundo” lá em casa, por sua causa já passei ridículo, agora chega! “Por favor, pare agora”, senão vai acontecer uma tragédia! Você não pensa em mim, o que é que todo mundo vai dizer? Já não basta tudo de ruim que acontece pelo mundo afora? Crianças morrendo, “ de susto, de bala ou vício” e de fome, enquanto você tem do bom e do melhor nesta casa. Sempre me avisaram sobre sua raça, mas eu não quis ouvir, estava alucinada de paixão e na minha idade, “ o amor é uma grande laço.”
Recordo com ódio, de uma das vezes em que você voltou e ficou deitado uma semana, olhando para o nada, sorrindo, pensando NELA e “eu não quero mais nada, só vingança, vingança, vingança...”
Ingrato, quando esteve doente, cuidei de você, ficava à sua cabeceira, lhe dei alimentação
especial, e agora, me faz mais essa!
Estou á beira da loucura, há “um grito parado no ar”, enquanto você debocha e canta: “menino, eu sou é homem, menino eu sou é homem, e como sou! Arre!
Porém, o abismo final foi quando a mãe da mocinha veio aqui em casa, me contar tudo! Eu enlouqueci, não podia ser! Você não pensou em mim, na quantidade de crianças que já existem por aí, abandonadas, encarceradas, doentes, sem médico, sem remédio?
Insensato, lembrasse ao menos dos três filhos que temos em casa, já que não parece ligar para nada! Quer ser conhecido como o garanhão do Imbaúbas, nessa idade? Quer dizer que arranjou filhos por aí? E fez isso aqui no bairro, pra me matar de vergonha?
Não vou suportar, como vai cuidar deles? E se um deles for grande como o Tiago e comer daquele jeito, como vai ser? Sabe, é melhor ficar com ela, rapaz, hoje em dia não é como antigamente, que o sujeito fazia filhos e largava por aí; ainda que timidamente, as coisas estão mudando. Hoje há certo cuidado com as crianças, há o ECA, o Conselho Tutelar, eu mesma, quando atuava como Defensora Pública Municipal, ajuizei dezenas de Investigações de Paternidade, com sucesso, e ajudei a dar sobrenome, alimentos e assistência médica a muitas crianças! Ouça, aos poucos este país descobre, que, se continuar a ignorar e matar seus filhos, vai acabar dando com os burros nágua!
Só que, meu caro, se tiver que enfrentar a Justiça, não conte comigo para a sua defesa,”toma que o filho é seu!”
Não, não vou mais chamá-lo de nenê, nem faço cafuné, fim, finito, ces’t fini, zé fini, pois “nada será como antes, amanhã.”
Perdão, leitores, mas eu precisava desabafar! Ele não me ouviu e engravidou uma mocinha de família!
Pensando bem , fazer o quê! Anuncio orgulhosamente, que meu cachorrinho Kid é papai de uma ninhada ali na Rua Potássio. E vocês pensando bobagens a respeito do meu companheiro, hein?
Cabeças sujas!



Esta crônica foi a forma que usei, a fim de, mais uma vez, chamar a atenção para s necessidades infindas das crianças desse “meu Brasil brasileiro” Nela, há trechos de músicas contadas por Maria Bethânia, Ataulfo Alves, Isaurinha Garcia, Dalva de Oliveira, Linda Batista, Wanderléa, Caetano, Djavan, Ney Matogrosso, Ari Barroso, Milton NasciMento e até Kelly Key, que ouvi de uma adolescente na semana passada e achei engraçada. Além disso,, citei Gianfrancesco Guarnieri, eu “Um Grito Parado no Ar. Se não gostou da brincadeira, pode me puxar a orelha. Au Revoir

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