sábado, 17 de outubro de 2009

Nena de Castro
12/02/2008 - 00:00:00 Sufoco
Sabe aquele dia em que você levanta, faz o café do mesmo jeito e ele sai uma droga, a água acaba durante o banho, o computador dá um tilt e engole seu trabalho duramente digitado? Pois é, há dias assim, em que melhor seria ficar debaixo dos cobertores, até que a noite chegue e venha outro dia que, esperamos, será melhor. A esperança é que nos mantém vivos e atuantes. Acredito que há coisas que acontecem sem que você tenha a mínima culpa. Por exemplo, o Rex fez caca no tapete, você não viu e pisou, sujou a sala toda e leva uma bronca de quebra, da sua mãe ou da patroa. É um daqueles dias aziagos, em que nada dá certo, o pneu fura, o chefe flagra você chegando atrasado, ou você foi andando e tomou uma prosaica (mas dolorida) topada no dedão, isso quando do tropicão não resulta um inesquecível tombo... Ninguém está livre de um sufoco, quando tudo parece dar errado. Todos os meus leitores e leitoras certamente já passaram por um dia de cão, em que as coisas saem do controle e situações, ora trágicas, ora cômicas, têm lugar, independente do que foi planejado. Às vezes, o caso deriva de um mal-entendido, de um incidente, de uma coisa inesperada e a gente tem que dar pulos para retomar as rédeas da situação... De certa feita, minha sobrinha Marinês, uma moça muito bonita que cursava Engenharia Civil na UFMG, em BH, quase leva a pior por um equívoco. Certo domingo, animou-se a visitar uma amiga que se mudara para um bairro distante. Para chegar ao local, Marinês tomou um ônibus que a deixou no alto da Afonso Pena, onde tomaria outro até a casa nova da amiga. Pois é, tarde de domingo, cidade vazia, trânsito moderado e ônibus demorando, Marinês se dispôs a esperar com paciência. No ponto só viu uma jovem, muito bonita e bem vestida, que a olhava com certa inquietação. Afinal, depois de certo tempo, a moça se encaminhou para minha sobrinha e disparou: - Escuta, é a primeira vez que vem a esse ponto? - Sim, respondeu Marinês educadamente. A moça continuou:- E onde você fazia ponto antes? É melhor você voltar pra lá, pois esse lugar é meu há muito tempo, sempre pego ótimos clientes e não vou deixar que me tomem o local assim não, falou zangada. Aí, a “ficha caiu”, e minha sobrinha, percebendo que a moça não estava ali esperando um “buzu” e sim a “trabalho”, tranqüilizou-a; estava só de passagem, ia visitar uma amiga, não tinha ido fazer ponto ali... Contando o incidente, Marinês riu a valer: pôxa tia, eu só fui tomar um ônibus e quase apanho porque a moça pensou que eu ia tomar “seu ponto”, que coisa! É, às vezes não há como escapar de uma situação atípica. Mas também a gente, por descuido e omissão, contribui para que a jiripoca pie, com certeza. Anos atrás, quando trabalhava na Defensoria Pública Municipal, aconteceu de ficarmos só eu e Jacyr Guidine respondendo pela área cível. Alguns advogados foram transferidos, outros saíram e eu e Jacyr dávamos pulos de “mil-réis”, para atender e fazer audiências. Eram muitos processos distribuídos pelos antigos colegas e nós dois respondíamos por todos, de forma que, em certo dia, chegamos a fazer 14 audiências! Às vezes, coincidia de sermos apregoados em duas Varas ao mesmo tempo e era uma correria só. Por sorte, contávamos com o apoio dos juízes e promotores e, ao final, tudo dava certo. Perguntem ao Guidine sobre esse período, ele tem ótimas histórias para contar! Bom, em uma 6ª feira, repleta de trabalho, entre outros casos, acompanhei o de uma cliente, idosa, paupérrima, que tentava a Interdição de sua filha, que “quebrara o resguardo”, perdera o juízo, não reconhecia os cinco filhos e vivia pelas ruas. Dona Maria, a cliente, precisava trazer um documento para ser juntado aos Autos. Ante seu estado de miséria, eu lhe dei um passe que tinha na agenda e minha estagiária deu outro. Entre acordos, separações, divórcios e execuções, chegou o fim da tarde. Eu e minha estagiária carregamos uma montanha de processos e colocamos no meu carro, estacionado atrás do Fórum, despedimo-nos e me preparei para voltar para casa. Eu sabia que precisava abastecer o carro, mas para isso teria que ir ao caixa automático no prédio da Prefeitura, ali pertinho, contudo estava tão exausta, querendo que o mundo acabasse em sorvete e cama, que resolvi ir embora. E aí, a preguiça e o cansaço me proporcionaram uma experiência única. Saí do estacionamento, passei pelo posto ali perto e tomei o caminho do Horto, para chegar ao Imbaúbas, onde moro. Então, lá ia euzinha, dirigindo com calma, pensando no sábado, no almoço de domingo e de repente, logo ali, após a entrada do Bairro Ferroviário, defronte ao muro do Century Hotel, o carro deu um solavanco e parou. O álcool tinha acabado! Ai, ai, ai! Sinalizei o local, pensei em avisar meu marido e tomar o ônibus, mas tinha dado o passe pra Dona Maria; revirei minha bolsa, sacudi, mas só consegui 10 centavos, que não davam pra pagar a passagem. Pensei em ir andando a pé até o Shopping, mas fiquei com medo de sair do local, por causa dos papéis que estavam comigo. Não, eu não arredaria pé dali, não sem meus processos! Afinal, decidi caminhar até o Centro Comercial do Ferroviário, para encontrar uma amiga, ela não estava, liguei pro meu marido, pedi que levasse álcool e voltei ao local onde estava meu possante. Ao chegar, verifiquei, espantada, que duas mocinhas, de saias bem curtas pediam carona. Uma delas estava encostada no meu carro e a outra, um pouquinho à frente, fazia sinais para os motoristas. A essa altura, já estava escuro, era inverno e a noite caía rapidamente, o fluxo de carros aumentava, as mocinhas se mostravam, exibindo seus dotes para o “trabalho” e eu ali, maior cara de tacho, arrependida por não ter ido ao caixa eletrônico e não ter colocado álcool no posto tão próximo! Ai, pra que fui dar o passe pra Dona Maria, não, a mulher precisava, coitada, era pobre, idosa, eu agi certo, meu Deus, quem manda eu ter tido preguiça de pegar o dinheiro e abastecer, tenho celular mas não uso, sou um caso perdido... Noite fechando, carros passando, buzinando, e eu perto das moças, afinal os processos estavam dentro do carro! Ó céus, cadê meu marido que não chega, eu quero a minha mãe!... Mais duas mocinhas se juntaram às primeiras e eu comecei a pensar: Gente, com esta idade e cara de besta que tenho, vão achar que estou agenciando as moças, isto acaba dando confusão e o que eu vou dizer pras minhas crianças? E se passasse algum tarado apreciador de velhinhas gordinhas e parasse o carro achando que eu também estava ali, “trabalhando” que nem as meninas? O tempo ia passando, as moças negociando com os carros que paravam e eu ali perto, morta de sem-graça! Afinal, meu marido chegou, tinha entendido que eu estava na entrada do Iguaçu e ficou um bom tempo por lá me procurando, então resolveu voltar e aguardar que eu fizesse contato. Com um monte de agradecimentos ao Criador, apanhei meus processos, passei pro outro carro e me mandei, deixando ao meu companheiro a resolução do problema. Ufa! Cheguei em casa exausta, amarela de fome e ainda tive que agüentar a gozação da minha turma de adolescentes! Portanto, ao sair para algum lugar, verifique pelo menos se tem combustível no carro, se não tiver, coloque; não saia sem dinheiro, ainda que pouco, nem esqueça o seu celular. Caso contrário, agüente as conseqüências, sem culpar o destino pelo sufoco...

ZOOM- Um abraço para Carlos Alberto Batista de Oliveira, ou simplesmente Cacá, gerente do Banco Real do Shopping. Foi um prazer revê-lo, amigo. - Moreira do Bom-Ré-Mi-Fá, agradecendo a notinha e convidando para as quartas-feiras, quando tem apresentação de Choro e Jazz. Boa pedida! - No sábado aconteceu almoço festivo no Panorama Tower pelo enlace de Thales Machado de Oliveira e Andréia. Parabéns! - E quem aniversariou domingo foi Larissa, a minha branquinha caçula. Deus te abençoe, minha filha! E que seus sonhos se realizem! - Uma terça-feira cheia de calor humano, bolo com calda de chocolate, torresminho frito com mandioca, poemas de Catulo da Paixão Cearense, a voz rouca e sensual de Maysa cantando “Ouça”, e muitas outras canções românticas, suco de acerola com maracujá, e paaz, são os meus votos. - Críticas, sugestões e eventuais elogios, pelo e-mail nenadecastro@yahoo.com.br Au Revoir.

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