domingo, 11 de outubro de 2009

NATAL

25/12/2007 -
(Especialmente para Inês Margarida, Marlene Magela, Ione Franco e Ivany Bonfim)Presto pra escrever crônica de Natal, não. Mesmo tendo palavras fartas e fáceis, falho, pois ao invés de centrar no Menino na Manjedoura, adorá-lO e louvá-lO, começo a ver dezenas de menininhos de olhos fundos e rostos escuros pela fome e privações. Penso em campos de refugiados, pessoas sofrendo, penso nos meninos das Febems da vida, nos tiroteios nos morros e favelas, nas meninas e mulheres encarceradas em celas abarrotadas de homens, ou se prostituindo para poder comer... Tenho uma vontade tola de chorar, abraçar todo mundo e pedir perdão... De alguma forma eu falhei, eu não denunciei, eu não fiz, eu não votei certo, inútil poeta que sou, pra que serve mesmo a minha poesia? Vejo rostos assustados de crianças palestinas, e do outro lado, rostos israelenses também assustados, tensos de medo de carros, homens ou meninos-bomba! E isso acontece na terra em que Jesus nasceu! Não, a insanidade do homo sapiens não tem limites! Nem os enfeites natalinos eu acho mais tão bonitos, após ter lido numa revista que são tão baratos porque são feitos por crianças que vivem em regime de semi-escravidão e/ou por prisioneiros na China; como posso me alegrar com o que custa o sangue de alguém? Retorno então aos primeiros anos da minha vida, naquelas vilazinhas em que morei, onde certamente Jesus escolheria nascer, se brasileiro fosse. Mês de dezembro chegando e a alegria imperava: num só espírito, começávamos a preparar o presépio. Todos colaboravam para a realização da tarefa e que faina era escolher o local, em um canto do templo, e ali montar a morada do Menino-Deus! Para a gruta, quilos e quilos de grude de farinha e carvão socado, meu Deus, que delícia espalhar a cola no papelão e esbater o carvão misturado a pó mica, a gente ficava toda colada, meio branco e preto, mas a alma ficava translúcida de alegria! De papel lumioso, (de cigarro), os mais jeitosos recortavam as estrelas, e atenção especial era dada à Estrela de Belém. Semanas antes, semeávamos arroz em latinhas, em dias alternados, de forma que verde e lindo, em diversos tamanhos, servisse de capim ao longo dos caminhos, onde certamente as ovelhas pastavam. Os animais eram de madeira, feitos a canivete e pintados, assim como os pastores. Cada detalhe era feito com esmerado carinho, só as imagens de José, Maria e Jesus, eram de massa, comprados na cidade grande e guardados como tesouro por mamãe, que era a zeladora da igreja. Após a trabalheira, presépio montado, “grama verde” de arroz, animais e pastores no lugar, lá no princípio do caminho, Gaspar, Belchior e Baltazar vinham chegando com suas coroas reais e os presentes em ouro, mirra e incenso, o Anjo da Guarda no alto, anjinhos cantores nas laterais, chegava o grande momento: todos silenciavam quando mamãe trazia, suavemente, o casal: José de um lado, Maria do outro, de mãos postas, adorando e finalmente, o Menino na Manjedoura, lindo, o Emanuel, o Deus-conosco! Ficávamos ali, em muda adoração, até o término dos trabalhos e com pena, íamos para casa, tomar banho, para a Adoração da Noite. Éramos pobres e simples como os camponeses do presépio, não havia luz elétrica, nem pisca-pisca, não fazíamos ceia com nozes ou peru nem esperávamos Papai Noel... Mas os nossos Natais, naqueles tempos eram cheios de boa-vontade e amor ao próximo e repletos de adoração pelo “Verbo que se fez carne e habitou entre nós.”

Natal dos meus Avós na Infância
( Gabriel Bicalho)
IAlguém instaurou a noite dos presépios
para o Natal dos meus Avós.
Alguémfabricou a árvore dos presentes mais brilhantes
e fê-la de um verde carregado a flocos brancos
para o Natal dos meus avós.
Alguém tocou de leve os sete sinetes mágicos da Felicidade
pela Harmonia Universal dos meus Avós.
Alguém que traz nos olhos o encanto das madrugadas celestiais
e, nas mãos, o generoso gesto daquele rotundoPapai Noel da gente!
II
(No jejum dos corpos enfraquecidos,
Maria circunflexa o primeiro sorriso
sobre o pequenino corpo forte do Menino-Deus,
cujos braços abertos promovem a Fraternidade
entre os Homens e Animais de Boa-vontade.)
III
Alguém transubstanciado
em minha carne de metamorfoses
Instaurou a noite dos presépios messiânicos
para o Natal dos meus Bisavós, na infância!

ZOOM- Saúdo a todos os leitores do Diário do Aço, com esse poema maravilhoso da autoria de Gabriel Bicalho, poeta de Mariana, pertencente ao Movimento Aldravista. Feliz Natal! - Um abraço carinhoso para Dona Lycia Araujo, de Fabriciano, que lê e gosta muito das minhas crônicas. Eu é que agradeço pelo carinho! José de Oliveira, o homem da Moradia, veio me ver. Filho de meu padrinho Gervásio, casado com Neide e pai de um monte de filhos esforçados e inteligentes, pessoa de destaque na sociedade, José encheu minha casa de luz e alegria com sua visita. Trouxe MARIANA CATIBIRIBANA para que eu autografasse, leu meus outros dois livros infantis que estão prontos para a gráfica, deu opiniões valiosas e se foi. Deixou um gosto de volte em breve!- Abraços para Luisa Solha, Cláudio Lobato, Neuza Rodrigues, Evander Grossi, Rogéria Cruz, Linda Souza, Maria do Rosário de Oliveira Machado, José Geraldo Rocha, Rilene Jorge Chain, Nivaldo Rezende e Maria Alice, Ademar Pinto Coelho, Helena e Isabela, Dooley, Graça, Janaína e Carol Leite, Vera Pinheiro, Fred, Kátia e Eduarda Franco, Lúcia Castro Alves, Beto Souto, Renato Elpídio, Micheline Lage, Marilda Lira, Zélia e Salete Olguin, dona Ita e seu Raimundo Anício, Marília Lacerda e Ana Maria Russo, Eloer e Euzanete Magalhães, Maria Emília Sousa, Angélica Vaccarini. Um especialíssimo para a turma do Diário do Aço e para o pessoal da Biblioteca Pública Municipal.- A jornalista Fernanda de Oliveira Bastos teve seu projeto para Mestrado na área de Comunicação aprovado em 4º lugar, na PUC-BH! José de Oliveira e Neide estão quicando de alegria com o sucesso da filha. E não é pra menos! - A todos os meus leitores e leitoras, votos de um Natal abençoado!- Um dia feliz ao som de coros angelicais, sorrisos de felicidade verdadeira, gosto de peru assado com farofa de nozes e torta de chocolate de sobremesa, música que fale ao coração, notícias boas e paaaaz, são os meus sinceros votos. Feliiiiiiz Nataaaal! Críticas, sugestões e eventuais elogios para o e-mail nenadecastro@.com.br- Au Revoir.

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